Silvia Saidah deixou as ferramentas e o uniforme de lado para ganhar um novo visual
Em “Fina Estampa”, novela do horário nobre da Rede Globo, Lilia Cabral vive Griselda, uma mulher batalhadora que é chamada de “Pereirão” por fazer trabalhos manuais tipicamente masculinos. Na vida real, tantas outras “Pereirões” arregaçam as mangas e não dispensam oportunidades. É o caso de Silvia Saidah, de 34 anos, que presta serviços gerais: instala pias, pinta paredes, desentope canos e realiza instalações elétricas. Para comemorar o mês da mulher, o Delas destaca a beleza desta leitora.
De unhas vermelhas e salto alto, Silvia exibe o resultado da transformação
Ansiosa para mudar o visual, Silvia chega ao salão de beleza usando seu habitual uniforme de trabalho. O cabeleireiro Rodrigo Cintra, do Studio W Iguatemi, em São Paulo, gosta do que vê e planeja um “upgrade” caprichado. “Vou manter o cabelo longo porque passa a ideia de sensualidade e delicadeza. Também vou clarear as pontas para suavizar a imagem, o trabalho dela é muito pesado e os fios escuros ressaltam ainda mais isso”, explica o profissional.
Com os fios ainda secos, Cintra faz um corte leve e repicado na parte da frente do cabelo. As pontas mais claras são feitas com mechas finas em tom avelã. “Você já está loira”, brinca uma das assistentes do cabeleireiro ao remover o descolorante. Um tonalizante concluiu o processo da cor. “Agora dou o toque final do corte com uma franja lateral e ela está pronta para o babyliss”, diz Rodrigo. Na maquiagem, pinceladas de cores e texturas completam o novo visual.
No total, seis horas se passaram desde que Silvia deu um tempo na furadeira e chaves de grifo para ter um dia de mulherão. “Adorei. Vou aproveitar enquanto o cabelo está penteado para mandar fotos no celular da minha mãe”.
Pereirão da vida real
Silvia se apaixonou pela profissão de forma casual. Abriu uma franquia especializada em reparos gerais para fazer parceria com o marido, que é engenheiro civil. O lado empresária foi complementado logo nos primeiros meses de negócio, quando ela resolveu colocar a mão na massa. “Eu tinha que entender do assunto na prática. Comecei a visitar as obras e hoje também faço os serviços”, conta. Trabalho pesado não é problema para ela, mas em meio a tantos chamados de clientes, Silva já tem suas preferências. “Gosto mais de colar cuba, assentar piso e fazer pintura”.
O colete e o boné, usados durante o expediente, lembram a personagem de Lilia Cabral em dias de labuta. “Me chamam assim [Pereirão] na rua, na padaria da esquina, em todos os lugares, basta estar com a roupa de trabalho. Mas nunca imaginei que teria essa repercussão, a mulher não era valorizada nesse meio”, conta.
A diária do serviço chega a lhe render até R$ 250, e o fato de ser a única mulher da loja é um incentivo para continuar. “Quero fazer um curso técnico porque o mercado ainda é carente. Acho que as próprias mulheres vão começar a contratar mais mulheres para fazer reparos, principalmente aquelas que moram sozinhas”, diz.
Eletricista DF 24 Horas