A vez das microfranquias

Elas já representam 5% do segmento de franchising no Brasil, mas crescem a uma velocidade de 25% ao ano. Saiba por que as pequenas são a grande tendência do setor

Por Redação da DINHEIRO

No começo do ano passado, Regiane Yamauti voltou ao Brasil com uma pequena poupança, amealhada  depois de oito anos de trabalho no Japão. Era pouco para abrir um negócio próprio. Além disso, também lhe faltava experiência como empreendedora.  Foi quando Regiane conheceu o modelo de microfranquia. Escolheu a Dr. Resolve, pagou R$ 35 mil e contratou oito funcionários. Em abril, viu-se dona de sua própria empresa de reparos e reformas prediais. Desde 2009, é crescente o número de empreendedores brasileiros que fizeram como Regiane e desembolsaram até R$ 50 mil para tocar seu próprio negócio, apoiados por uma marca já existente.

Eles fazem parte de um modelo que cresceu 25% no ano passado e promete repetir o desempenho este ano, de acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Franquias de baixo investimento não são exatamente uma novidade. Há anos estão por aí marcas como Limpidus, Jani King e Kumon. Em geral, elas atuam na prestação de serviços e, em boa parte dos casos, o ponto comercial não é importante, o que ajuda a reduzir o custo do investimento.

O que é relativamente novo é o nome microfranquia, repetido há dois anos no mercado brasileiro e que deu força a um modelo que se torna cada vez mais importante. “Nesse período aumentou a oferta e a procura”, afirma André Friedheim, sócio-diretor da Francap, consultoria paulista especializada em franquias. “O termo microfranquia ajudou, pois atraiu a curiosidade do investidor.” Foi de olho nesse contingente que a Ambev, a maior cervejaria do País,  lançou o “Nosso Bar”. Trata-se de uma franquia destinada a pequenos empreendedores que desejam atuar no segmento de venda de bebidas para a classe C.

O investimento inicial é de R$ 28 mil e já existem 20 unidades em teste nos bairros da zona sul de São Paulo. Os pequenos negócios já representam 5% das franquias brasileiras, de acordo com a ABF. São marcas como Zets, do setor de comércio eletrônico, que saltaram de 37 unidades para 75 em 2010. A Amigo Computador, de manutenção de computadores, pulou de 18 para 32 unidades. A Tutores, de reforço escolar, já conta 121 franqueados,  contra 108 em 2009.

A Emagrecentro, de medicina estética, cresceu de 137 para 180 franqueados. E, por fim, a Flavored Popcorn, de venda de pipoca, dobrou a rede, passando de 22 para 44 unidades. O que há em comum nesse modelo de negócios, em comparação com as grandes redes de franquias, é que, apesar do baixo investimento, o franqueado recebe um marca com poder de fogo muito superior ao que teria se tivesse de começar sozinho. Regiane, dois dias depois de abrir o escritório da Dr. Resolve, viu sua marca ser citada no programa do Raul Gil, na rede SBT.

Ato contínuo, recebeu 15 ligações, das quais 10 resultaram em serviços. A empreendedora ainda recebe os pedidos de orçamento de quem acessa o site da empresa. Com isso, sua área de atuação não se restringe ao bairro de Santana, zona norte de São Paulo, podendo atuar com clientes de regiões onde não existem outras unidades da rede. Outra que também não precisa sair de casa para trabalhar é Sônia Maria Sanches, franqueada da Home Angels.

Em março, depois de desembolsar R$ 15 mil, ela passou a atender em home-office os pedidos por profissionais para atendimento a pessoas com limitações físicas ou que necessitam de companhia, em especial idosos. A Home Angels é do Grupo Zaiom, que possui outras quatro marcas: Tutores, Dr. Faz Tudo, Amigo Computador e Dr. Jardim. Na feira da ABF 2011, a empresa lançou mais duas marcas, a Home Depil, de fotodepilação em domicílio, e Fale Globish – Inglês Global, de idiomas. Todas são microfranquias. O que despertou a atenção de Sônia foi o apoio dado pela rede. “Em uma franquia tem sempre alguém que sabe dar uma solução, alguém com mais experiência”, diz.

Essa é a principal vantagem das microfranquias: serviços padronizados. Antes restrito a prestadores sem referência, o segmento agora oferece funcionários uniformizados e treinados, que dão nota fiscal e depois ligam para fazer o pós-venda. A experiência também pode ser um aprendizado para o dono da empresa. “Alguns veem como um estágio para algo maior no futuro”, diz Friedheim. Regiane é uma das integram esse grupo. “Um dia posso fazer desse negócio uma grande construtora.”